sábado, 13 de junho de 2009


abr 28 2009 –www.estadoanarquista.org/blog
A verdade incomoda
Categoria: Apoiamos, Internacional, Israel, Mídia, Política — Senhor_do_Servo @ 18:24
Do Oriente Médio Vivo:
A verdade é uma grande inimiga do Estado de Israel. O recente boicote ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Racismo, sediada em Genebra na última segunda-feira (dia 20), prova que o Ocidente tem uma séria dificuldade em encarar fatos que são extremamente simples, de conhecimento público e registrados nos documentos da própria ONU. A saída parece ser ignorar a realidade.
A mídia ocidental elogiou a decisão dos representantes de 23 países que abandonaram a conferência quando Ahmadinejad começou a discursar. A decisão foi interpretada como um “gesto espontâneo”, uma “revolta” com relação às palavras do iraniano. Como de costume, ninguém ouviu o que ele tinha a dizer. Acontece que tudo isso fora combinado antes, nos bastidores da reunião. Antes mesmo de Ahmadinejad subir ao palanque, os líderes ocidentais estavam cientes de que não dariam voz ao iraniano. O fato foi revelado pelo embaixador britânico, o judeu Peter Gooderham, um dos organizadores do boicote. “Assim que o presidente Ahmadinejad começou a falar de Israel, foi o momento para darmos o fora. Nós combinamos de antemão que, se ele usasse essa retórica, nós não toleraríamos”, disse Gooderham. Sendo assim, a saída às pressas dos embaixadores ocidentais deve ser vista com outros olhos: tratou-se de um teatro, organizado justamente para calar Ahmadinejad. Ao invés das palavras do líder iraniano serem ouvidas, a mídia mundial comentou somente sobre o boicote ocidental.
Basta um pouco de pesquisa e interesse para descobrir que o teatro de Genebra foi orquestrado pelos lobistas sionistas. Em novembro de 2008, enquanto os últimos detalhes sobre a conferência eram organizados, o lobby sionista britânico Conselho de Representantes dos Judeus Britânicos, equivalente ao Aipac nos Estados Unidos, comunicou que Elizabeth Harris, a Diretora de Assuntos Públicos do grupo, havia participado de um “comitê preparativo” em Genebra com Peter Gooderham, o embaixador britânico que organizou o boicote. Segundo o comunicado do lobby, Harris e Gooderham tiveram “reuniões construtivas” sobre como encarar a conferência. Obviamente, foi nesse período que todo o teatro foi preparado. Falar então em “gestos espontâneos” e “revolta” representa uma desonra. É confiar na ingenuidade e ignorância do público.
Após a conferência, ao ser questionado sobre a diferença entre sionismo e racismo, o tópico levantado por Ahmadinejad, Gooderham foi breve: “sionismo é um movimento político, e racismo é outra coisa – nós reconhecemos quando vemos”. Tão breve quanto confuso, foi com essa “clareza” que o boicote foi organizado. Mas a história, e a própria ONU, são testemunhas de que não é tão fácil assim livrar Israel das acusações de racismo. Uma derrota moral de Israel aconteceu em 10 de novembro de 1975, após uma eleição da Assembleia Geral da ONU. Entre as 139 nações presentes, a Assembléia determinou que “o conceito de ‘sionismo’ é uma forma de racismo, de discriminação racial”. E o sionismo permaneceu uma forma de racismo até 1991, quando a pedido do presidente George H. W. Bush a ONU aprovou a Resolução 4686, que anulou a Resolução 3379. Em função das circunstâncias suspeitas, essa foi a resolução da ONU com um dos textos mais curtos da história, afirmando somente: “A Assembleia Geral decide revogar a determinação contida na Resolução 3379, de 10 de novembro de 1975” – nada mais. Ironicamente, não houve qualquer explicação para que o sionismo deixasse de ser uma forma de racismo.
É nesse contexto de dois pesos e duas medidas que o Ocidente julga discursos como os de Ahmadinejad. Todos sabem que o plano sionista envolve a expansão do Estado de Israel da Jordânia ao Mediterrâneo, do Eufrates ao Nilo, conduzindo um processo de expulsão e limpeza étnica dos árabes nativos dessas regiões. Isso está claramente documentado pelos próprios sionistas, e é conhecimento público. Israel se declara o “lar nacional judaico”, um Estado fundado especificamente para um determinado povo, que se intitula “os únicos escolhidos por Deus”. Se isso não é discriminação étnica, o que seria? A situação fica ainda mais humilhante quando se considera que as terras que Israel ocupa são de direito do povo palestino, expulsos à força pelos invasores sionistas. Dessa forma, Israel representa um caso único. Como é que nações supostamente morais e civilizadas, que conseguem ver nos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial um crime, não conseguem enxergar que o mesmo está sendo cometido hoje contra a nação palestina.
Ao que tudo indica, ninguém sabe responder a essa pergunta. Nenhum dos líderes que organizaram ou participaram do boicote foram capazes de explicar o que teria sido ofensivo no discurso de Ahmadinejad. Sendo assim, a grande ofensa foi não ter escutado, afinal, a verdade é a maior vítima da ONU há 60 anos. Mais uma vez os líderes racistas de Tel Aviv conseguiram enganar a todos, e novamente os povos do Ocidente caíram na armadilha.
Tags: Ahmadinejad, armação, boicote, boycott, conferência

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores