quinta-feira, 13 de maio de 2010

carta de karl marx ao rabino baruch




Foi publicada esta carta no"Revue de Paris" o 1 de xuño de 1928, pág. 574, así como en na obra "Israel, son passé, son avenir" do historiador sueco H. de Vries de Heekelingen, edizón francesa de 1937, pág. 104, e en varias publicazóns do profesor sueco Einar Aberg. Recuperada das pertenzas de Marx tras a sua morte é considerada autentica por historiadores de prestixio. Segun parece esta carta ecribiulla en 1848 ao seu rabino, pouco despois de ter concluido o "Manifesto comunista".




"Todo o povo israelí será, por sí mesmo, o seu propio Mesías (...) o seu dominio do mundo alcanzarase coa unificazón de todas as outras razas (...) Eliminando as fronteiras e as monarquías conseguirase rematar cas particularidades para instaurar unha República Mundial que procurará, por todo o mundo, os dereitos para os israelíes (...) Nesta nova organizazón da humanidade, os fillos de Israel, repartidos por todos os rincóns da terra, convertiranse en todas partes e sen oposizón algunha, na clase dirixente, sobre todo se conseguen colocar ás masas obreiras baixo o seu control exclusivo. Os governos das nazóns integrantes desta futura República Universal cairán, sen esforzo, nas mans dos israelitas, grazas á vitoria do proletariado. A propiedade privada poderá enton ser suprimida polos governantes de raza xudía, que administran en todas partes os fondos públicos. Así, realizarase a promesa do Talmud, según a cal, cando chegue o tiempo do Mesías, os xudeos poseeremos os bens de todos os povos da Terra"




Ligazóns:


http://es.metapedia.org/wiki/Carta_de_Karl_Marx_a_Baruch_Levi

segunda-feira, 10 de maio de 2010

LULA ameaçando Boris Casoy

Luta por legitimação











Quase sete anos depois da edição da lei que torna obrigatórios os conteúdos de história e cultura africanas e afro-brasileiras, os negros continuam lutando pelo reconhecimento de suas contribuições culturais e por aceitação no espaço escolar

Rachel Cardoso





Detalhe da obra O cortejo, de Nelson Leirner

O Supremo Tribunal Federal será palco, no primeiro semestre deste ano, de debates sobre as cotas raciais em universidades - divisor de opiniões sobre a chaga do racismo no país. O fato de o tema ter chegado a tal instância é um indício de sua efervescência na sociedade. É a primeira vez na história nacional que o assunto marca presença na mais alta corte federal. Mas chega com atraso de pelo menos duas décadas em relação a países de passado igualmente escravista, como os Estados Unidos, onde uma agenda pós-racial, em que a educação tem papel de destaque na promoção da igualdade social, desaguou na eleição do primeiro presidente negro do país, o democrata Barack Obama. Por aqui, o martelo da Corte pode funcionar como um divisor de águas para as políticas públicas na medida em que poderá significar a admissão do racismo e constituir-se no primeiro passo para o reconhecimento dos prejuízos que ele produz, além de afirmar a constitucionalidade ou não das medidas de ações afirmativas.
É nesse cenário que aparece hoje a questão da inserção social do negro, quadro que ganha contornos próprios no ambiente escolar, espaço ora de ratificação de preconceitos, ora de inflexão de costumes e visões. Trata-se de uma situação complexa, cujas raízes estão diretamente relacionadas a uma cultura da ignorância. De modo geral, faltam conhecimento, referência e memória à população em geral, dentro e fora da sala de aula. "Percebemos muitas atrocidades no contato diário com os professores que nos visitam", diz a coordenadora do Núcleo de Educação do Museu AfroBrasil, Renata Felinto. "Muitos educadores tratam as leis que incluem a história afro-brasileira no currículo escolar como modismo. Em função disso, quase nada mudou."

Ainda está presente no imaginário coletivo a imagem do homem negro como indolente, mas ao mesmo tempo mais forte do que os outros, o que teria sido a causa de sua escolha para a escravidão. Confundido com a malandragem no passado, está associado à criminalidade nos dias de hoje, avalia a educadora. "No cotidiano, o senso comum é que o negro é sempre um suspeito em potencial. As mulheres, por sua vez, são vistas como úteis para prestar serviços domésticos como babás, empregadas e cozinheiras, feias, porque fora do padrão de beleza branco", lembra Renata.

Não há percepção coletiva de que o histórico de falta de oportunidades leva ao reforço do estigma. O que explica em parte a ideologia do branqueamento. Vide o caso do escritor Machado de Assis, que, mulato, perdeu, para alguns, contato com seu universo de origem. "Quanto mais erudito menos negro", explica Renata. "Símbolos como a capoeira, a feijoada, o carnaval, o samba e até as mulatas são destacados como diferenciais da cultura brasileira no exterior, mas internamente ninguém assume a própria origem e o que se exalta é sempre a ascendência europeia."

Até quando o assunto é samba há polêmica. É consensual a importância do negro e de seu universo festivo e religioso na formação daquela que viria a ser considerada a música símbolo do país. Nessa linha, o samba é visto como um movimento de continuidade e afirmação dos valores culturais negros, uma cultura não oficial e alternativa, que seria uma forma de resistência cultural ao modo de produção dominante da sociedade do início do século 20. Mas há quem lembre a expropriação cultural do negro, exemplificada na estratégia da sociedade branca dominante, que enfraqueceu o caráter étnico das associações carnavalescas dos negros e do próprio samba como gênero musical, impedindo que se tornassem elementos de construção de uma consciência negra. Como aponta o historiador Marcos Napolitano em A síncope das ideias (Perseu Abramo, 2007), o samba foi objeto de disputa simbólica assim que se constituiu como fenômeno da indústria cultural, ainda nos anos 30 do século passado. De um lado, o governo Vargas buscando apropriar-se dos símbolos populares e associá-los ao trabalho; de outro, os sambistas que transitavam nas margens do sistema e cantavam a vida boêmia.

Há ainda aqueles que rejeitam as teses que localizam o samba como patrimônio cultural negro, expropriado pelos brancos e transformado em artigo de consumo. O certo é que sempre que se ressalta a importância política do samba e da música popular em geral, os ícones são muito mais brancos do que negros. Dos anos 60, por exemplo, guarda-se muito mais a memória dos festivais televisivos, com as presenças de Chico Buarque, Caetano Veloso e Edu Lobo, do que dos shows do Rosa de Ouro, em que Hermínio Bello de Carvalho reunia Clementina de Jesus, Elton Medeiros e Paulinho da Viola.

O imaginário nacional reproduzido nas salas de aula acaba sendo pautado pelos mesmos lapsos, tanto de alunos quanto de adultos. Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, onde a segregação sempre foi mais demarcada, inclusive nos espaços físicos das cidades, no Brasil o preconceito é mais velado e sinuoso. Suas mazelas, porém, começam cedo. Desde a primeira infância, a criança é exposta quase que unilateralmente à literatura infantil de referência europeia. Nos contos de fadas mais populares não existem princesas ou heróis negros.

Para derrubar mitos como esses, o Museu AfroBrasil, utiliza obras como O baile, da artista plástica Rosana Paulino, que vai além das questões raciais. Não se trata de ser pior ou melhor, mas de mostrar como tratar as diferenças em pé de igualdade, pluralizando o acesso às histórias de outras origens. "As meninas sempre associam a silhueta à cinderela dançando com o príncipe encantado", diz Renata. "O nosso trabalho é mostrar que existem alternativas àquelas tradicionais histórias e mudar o padrão de beleza que frustra quem não é magra e loura."

Expressão linguística
Não é preciso procurar muito para perceber que entre crianças e jovens é costume lançar mão de expressões verbais que perpetuam o racismo em situações corriqueiras de desentendimento dentro do ambiente escolar. Hostilizados, os alunos negros tendem a se retrair e a abandonar os estudos por conta de atitudes que demandam intervenção firme dos professores e gestores educacionais. Em vez da sensibilidade para lidar com o fato, no entanto, habitualmente o que impera é o silêncio. Os resultados acabam aparecendo nas estatísticas que comparam a presença de brancos e negros e a defasagem idade-série, por exemplo.











Nossa Senhora com menino, escultura de Maurino Araújo: imaginário coletivo ainda vê as mulheres como babás, empregadas e cozinheiras

Fazer vista grossa parece ser a saída mais fácil quando não há argumentos para esclarecer os valores das diferenças étnico-raciais para a formação da sociedade contemporânea, como a contribuição dos africanos escravizados para a agricultura, a metalurgia e a ourivesaria, entre outras. Uma sabedoria que os colonos portugueses não tinham. "Mesmo o diversificado vocabulário da língua portuguesa guarda uma série de palavras de origem Banto", diz Renata, em referência às línguas africanas. É o caso de lengalenga (conversa enfadonha, ladainha). Por essas e outras peculiaridades, a arte-educadora condena a alteração da Lei 10.639, que por meio de um aditivo coloca no mesmo balaio as histórias africanas, afro-brasileiras e indígenas.

Trata-se da Lei 11.645, sancionada em 2008, que institui a obrigatoriedade da inclusão de conteúdos relativos a essas culturas no currículo escolar. "A incorporação dessas leis é tênue e sem maiores reflexões é impossível modificar a realidade", atesta o coordenador do Programa de Educação do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), Antonio Malachias. "Embora a visão seja mais positiva, é preciso avançar na formação inicial e continuada não somente de professores, mas de gestores para promover uma mudança de fato na base, que é a escola pública."

Essa, visivelmente, é uma preocupação ainda muito restrita às organizações ligadas ao Movimento Negro. É do Ceert, por exemplo, o Prêmio Educar para Igualdade Racial, que desde sua primeira edição, em 2002, ocupa papel de destaque entre as ações educativas existentes em todo o país, como impulsoras de uma educação livre de racismo, preconceito e discriminações (leia texto na pág. 36). Acumula mais de mil experiências de todo o território nacional, que se constituem em fonte de informação de boas práticas escolares. Nesta 4ª edição, além da categoria professor, serão premiadas experiências de escolas.

No mesmo caminho, a ONG Ação Educativa desenvolve pesquisas para definir metodologias que promovam a igualdade racial nas escolas levando em conta experiências de diversas partes do mundo. O trabalho é feito em parceria com a comunidade escolar - professores, gestores e funcionários, além de pais, alunos e comunidade.
Também entre as ações afirmativas está o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e Ensino da Cultura e História Afro-Brasileira e Africana, do governo federal. A proposta é reduzir desigualdades na educação, tornar a escola mais acolhedora e valorizar cultura e história do povo negro na formação da sociedade brasileira.

Combate à ideologia do fracasso
Embora o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira seja obrigatório, não há, de forma efetiva, cursos de formação e preparação de docentes para que trabalhem esses conteúdos a partir do currículo, em especial nas disciplinas de história, língua portuguesa e artes. "A maioria se diz despreparada para abordar a temática étnico-racial porque nunca teve isso na vida", diz Malachias.

Reconhecer o histórico de racismo e preconceito e estabelecer uma relação afetuosa e democrática de orientação não é tão simples. "Embora não se possa apontar elementos que identifiquem professores racistas, é possível identificar práticas racistas. Entre elas, o silêncio diante de determinadas atitudes e o isolamento do negro por conta de uma preferência do inconsciente permeado por uma hegemonia branca", avalia o coordenador do Ceert.

Estudos, como a dissertação de mestrado de Fabiana Oliveira ("Relações raciais nas creches"), defendida na Federal de São Carlos, mostram que há racismo mesmo no ensino infantil. Não é tão ostensivo, mas cria marcas: meninas brancas são princesas, lindas; negras são relegadas ao silêncio, quando não são objeto de preconceito explícito. Como a primeira infância é vital na formação da personalidade e no aprendizado futuro, essas "sutilezas" passam a ser determinantes. O próprio aprendizado da leitura e da escrita pode ficar comprometido em função desse afeto desbalanceado.

Malachias destaca que a ideologia do fracasso ainda é muito forte, uma vez que a escola pública não foi moldada para lidar com as minorias. "Mas tem muita coisa acontecendo nas comunidades, educadores que têm conseguido transformar toda a produção da periferia em termos de cultura."

Exemplo disso é Allan da Rosa, docente da Faculdade de Educação da USP, historiador, poeta, dramaturgo e organizador das Edições Toró - Literatura Periférica. É autor de Imaginário, corpo e caneta: matriz afro-brasileira em educação de jovens e adultos. Em entrevista ao Observatório da Educação, explica seu olhar sobre o tema:
"O imaginário é o corpo e está no corpo. É o nosso corpo que alimenta o imaginário e o imaginário que alimenta o nosso corpo. Quando nosso imaginário está na lama, seja da mídia graúda ou da escola, que continua rebatendo toneladas de preconceito em cima da gente, esse nosso imaginário vai sendo soterrado por uma areia podre. Então, temos essas resistências que não vivem só retraídas, mas que trazem anunciação também. A matriz afro-brasileira tem no seu imaginário formas muito valorosas de pensar relações de gênero, relações ecológicas, econômicas, relações com a arte, com o tempo. Não se trata de idealizar e achar que a matriz afro-brasileira apresenta um mundo perfeito. Mas como ela ficou à margem e dentro, gingando entre o oficial e o marginal, apresenta ainda alternativas que devem ser entendidas. E esse entendimento não vai brotar do prisma oficial de sempre, que só oferece estereótipos."

E segue : "Antes de cair na armadilha de achar que é um ganho estar representado na novela ou no outdoor, é preciso entender do que se está falando. Aí vamos procurar os fundamentos e ver como esses fundamentos surgem ou são omitidos, estes que não foram desenvolvidos na escola, porque meu povo não teve acesso à escola, mas que foram se dando nas comunidades, lidando com um conhecimento profundo e prático, que não deixa de ser teórico, vindo de uma intelectualidade que está ativa no seu próprio chão. Então, quais são as matrizes da cultura negra brasileira, como isso pode alimentar processos de educação de jovens e adultos, de educação infantil ou a arquitetura de uma mídia melhor? Para responder, fui estudar o imaginário, porque ele não é algo etéreo, que fica numa nuvem dentro da cabeça. O imaginário está em cada poro do corpo, em cada gesto, que se relaciona com o movimento, com a criatividade, com as nossas mitologias e com rituais."

Um movimento que ganha corpo nas comunidades e ajuda a trabalhar culturas que não nasceram na escola, mas que ao mesmo tempo dialogam com a educação, corrobora as teses de Allan. "O hip-hop foi muito importante para o jovem da periferia se autodenominar negro e ter orgulho disso", diz o escritor Alessandro Buzo. "O desconhecimento das raízes e das histórias dos antepassados pode levar a pessoa a ter vergonha da sua origem. A cultura é a melhor forma de combater a violência e o racismo."

Não à toa, o Ministério da Cultura, por meio das Secretarias da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC) e de Cidadania Cultural (SCC/MinC), lançou em janeiro último o primeiro edital do Prêmio Cultura Hip-Hop. A premiação será de R$ 1,7 milhão e contemplará iniciativas individuais e de grupos nas categorias Reconhecimento, Socioeducativa (Escola de Rua), Geração de Renda, Difusão/Conhecimento (5° Elemento) e Difusão - Menções Honrosas.

Para Ivan Lima, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará e do Núcleo Brasileiro Latino Americano e Caribenho de Estudos em Relações Raciais, Gênero e Movimentos Sociais (N’BLAC), a história do negro na educação brasileira ainda carece de maior amplitude. "Continuamos a estudá-lo a partir das características culturais mais visíveis como comida, vestimenta e música", diz. "Falta-nos uma perspectiva histórica de construção civilizatória, ou seja, o negro produtor de conhecimentos que também marcaram a civilização ocidental, que, no entanto, nega esse processo. E, mais do que isso, determina e impõe que a civilização é um atributo exclusivamente do universo grego-romano, e todo o resto da humanidade tem de se curvar a isto."

As dificuldades, destaca Lima, não se resumem à formação do professor. A produção de materiais didáticos que ampliem o conhecimento da cultura negra, de seus valores civilizatórios, de seus diferentes reinos, entre outros temas, é outro gargalo para que a lei de fato saia do papel. Não basta incluir apenas um retrato de um personagem negro nesse contexto. "O fato de aparecer uma família bem-sucedida numa novela de horário nobre não é um grande avanço. Avalio como uma resposta de uma emissora, que assim justifica sua pseudopreocupação com os debates gerados pelas desigualdades raciais. Mas continua a ser uma exceção à regra. Significativo seria se aparecessem várias famílias negras estruturadas, mas há pouco espaço para o debate público, assim como para as ações afirmativas e o estatuto da igualdade, entre outros", reflete Lima.

O mundo do trabalho
Não é diferente na vida real. "O mesmo quadro se reflete no mercado de trabalho", diz José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, cuja mantenedora é a Afrobras. Inaugurada em novembro de 2003, tem como foco a cultura, a história e os valores da cultura negra. Na matriz curricular de seus cursos, há o compromisso com a implantação da lei que institui como obrigatório o ensino de história da África e afro-brasileira em todos os níveis. Isso ajuda a conscientizar os alunos para que assumam seu lugar na sociedade. "Quantos negros você vê em cargos de juiz, promotor ou mesmo professor? A obrigatoriedade de uma lei é importante para provocar reflexão no agir e no pensar, mas é como colocar cimento sobre a boca de um vulcão em erupção", diz Vicente.

No artigo Ética enviesada da sociedade branca desvia o enfrentamento do problema negro, o falecido geógrafo Milton Santos explicita as causas desse cenário. "Aqui, o fato de que o trabalho do negro tenha sido, desde os inícios da história econômica, essencial à manutenção do bem-estar das classes dominantes deu-lhe um papel central na gestação e perpetuação de uma ética conservadora e desigualitária. Os interesses cristalizados produziram convicções escravocratas arraigadas e mantêm estereótipos que ultrapassam os limites do simbólico e têm incidência sobre os demais aspectos das relações sociais. Por isso, talvez ironicamente, a ascensão, por menor que seja, dos negros na escala social sempre deu lugar a expressões veladas ou ostensivas de ressentimentos - paradoxalmente contra as vítimas. Ao mesmo tempo, a opinião pública foi, por cinco séculos, treinada para desdenhar e, mesmo, não tolerar manifestações de inconformidade, vistas como um injustificável complexo de inferioridade, já que o Brasil, segundo a doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma forma de discriminação ou preconceito", escreveu.

Em busca de caminhos
Como tratar de um câncer sem admitir que ele existe? O sociólogo Valter Silvério, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de São Carlos (UfScar), recorda o episódio ocorrido em 2005 quando jovens franceses indignados com a discriminação, a pobreza e o desemprego queimaram milhares de carros nos subúrbios de Paris. "Não há democracia moderna com uma população plural que não tenha adotado uma política de igualação, embora a política de cotas por si só não seja suficiente."

Silvério crê, no entanto, que é preciso um trabalho de base para promover um contato mais realista das novas gerações com a diversidade, conceito que ainda reúne, sob o mesmo guarda-chuva, negros, índios, necessidades especiais, orientações sexuais e religiosas. "A didática pressupõe uma organização espacial diferente para cada um desses grupos. Por hora, as inclusões são pontuais e não mudam a filosofia do cotidiano escolar."

Como possibilidade de alterar esse cotidiano é interessante apontar que o movimento negro tem exercitado diferentes práticas educativas e proposto pedagogias que trazem elementos para a reversão de aspectos naturalizados no ensino. A pedagogia interétnica, desenvolvida no final da década de 70, em Salvador (BA), por exemplo, tem como objetivo fundamental o estudo e a pesquisa do etnocentrismo, do preconceito racial e do racismo transmitidos pelo processo de socialização ou educacional - família, comunicação, escola, sociedade global e meios de comunicação -, além de indicar medidas educativas para combater os referidos fenômenos, utilizando a história, a psicologia e a sociologia como elementos estratégicos.

Nos anos 80, a pedagogia multirracial foi desenvolvida por Maria José Lopes da Silva e educadoras do Rio de Janeiro. Sua proposta é identificar os valores culturais africanos presentes tanto na religião como nas artes, na organização social, na historia e na visão de mundo dos brasileiros, a partir da percepção de que as culturas negras estão profundamente internalizadas no "inconsciente coletivo" do homem brasileiro, independentemente de raça, cor, ou classe social. Quem nunca se pegou batucando ao ouvir uma música ritmada que atire a primeira pedra.

Na escola, Disparidades

O Brasil tem mais de 53 milhões de estudantes na Educação Básica. O atendimento às populações branca e negra, no entanto, é bastante desigual. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007 revelam que na educação infantil apenas 13,8% das crianças negras estavam matriculadas em creches. O número sobe para 17,6% na população branca. Na pré-escola, são 65,3% das crianças brancas matriculadas, frente a 60,6% da população infantil negra.
Quando o assunto é a distorção idade-série, as diferenças se acentuam, como mostram os dados do Educacenso de 2007. No caso de crianças brancas, o índice é de 33,1% na 1ª série do ensino fundamental e de 54,7% na 8ª, subindo, no caso das negras, para 52,3% e 78,7%, respectivamente. Entre os jovens brancos de 16 anos, 70% haviam concluído o ensino fundamental obrigatório. Na população negra dessa faixa etária, apenas 30% o fizeram. Entre as crianças brancas de 8 e 9 anos na escola, a taxa de analfabetismo era de 8%. Para as negras, o dobro.
No ensino médio, o quadro não é diferente: 62% dos jovens brancos de 15 a 17 anos frequentavam a escola em 2006; na população negra, o índice caía pela metade. Se o recorte etário for para 19 anos, os brancos apresentam uma taxa de conclusão do ensino médio de 55%, contra apenas 33% dos negros.
As desigualdades persistem no ensino superior. A Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que 12,6% da população branca acima de 25 anos concluiu o curso superior. Entre os negros, a taxa é de 3,9%. Em 2007, os dados coletados pelo Censo da Educação Superior indicavam a frequência de 19,9% de jovens brancos entre 18 e 24 anos nas universidades. Já para os negros o percentual era de 7%.
Com base na Pnad, 49,4% da população brasileira se autodeclarou da cor ou raça branca e apenas 7,4% preta. Outros 42,3% se autodenominaram pardos e 0,8% de outra cor ou raça. A população negra é formada pelos que se reconhecem pretos e pardos.

Diversidade e Desigualdades

» 47,1% dos jovens são brancos e 52,9% não brancos (sendo 85,1% pardos, 13,5% pretos, 0,8% amarelos e 0,6% indígenas)
» Analfabetismo entre os jovens negros é quase três vezes maior do que entre os brancos
» Frequência líquida ao ensino médio é 55,9% maior entre
os brancos
» Frequência líquida ao ensino superior é cerca de 3 vezes maior entre os brancos
» As taxas de homicídio entre os jovens pretos e pardos é de 148,8 e 140,9 por 100 mil hab. respectivamente, ao passo que entre os brancos é de 69,2
» Os jovens pobres são majoritariamente não brancos (70,8%), enquanto os jovens brancos são 54,1% dos
não pobres.

Vítimas do assédio



Obra de Antonio Ferrigno retrata a escravidão: ainda hoje, negros estão entre os mais atingidos pelas práticas de bullying

Negros, pobres e homossexuais estão entre as principais vítimas de agressões físicas, acusações injustas e humilhações nas escolas públicas, segundo a pesquisa sobre Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Segundo a pesquisa, o grau de conhecimento de práticas de bullying chega a 19% contra alunos negros, 18,2% contra pobres, 17,4% contra homossexuais. Em seguida, 10,9% estiveram nessa situação por serem mulheres e 10,4% por morarem na periferia ou em favelas. O estudo também mostrou que os professores, funcionários, idosos, pessoas com algum tipo de deficiência física ou mental, idosos, índios e ciganos também foram vítimas de agressão nas escolas pesquisadas.

De acordo com o coordenador do trabalho, o professor José Afonso Mazzon, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), a pesquisa revelou que 30% das diferenças observadas na Prova Brasil entre as escolas pesquisadas foram explicadas por níveis de preconceito e discriminação. "Nas escolas em que se observou o maior conhecimento de práticas de bullying envolvendo professores e funcionários, as avaliações na Prova Brasil foram as menores, assim como naquelas em que os alunos apresentaram maior nível de preconceito", afirmou.

A pesquisa ouviu cerca de 10,5% dos 18.599 alunos, pais, diretores, professores e funcionários de 501 escolas públicas do país, entre outubro e novembro do ano passado. Ainda de acordo com os dados, 5,3% dos entrevistados presenciaram os professores sofrendo agressões e 4,9% viram os funcionários das escolas sendo agredidos.

Para saber mais

Afirmando diferenças, de Anete Abramowicz e Valter Silvério
(Editora Papirus, 2005)
A nova abolição, de Petrônio Domingues (Selo Negro, 2008)
Caminhos convergentes: Estado e sociedade na superação das desigualdades raciais no Brasil, de Marilene de Paula e Rosana Heringer (org., Fundação Heirich Boll Stiftung, Action Aid, 2009)
Direitos humanos e diversidade, de Jorge Arruda (Editora Diáspora, 2009)
Educação planetária, pluralidade cultural e diversidade religiosa, de Jorge Arruda (Editora Diáspora)
História e cultura africana e afro-brasileira, de Nei Lopes (Barsa Planeta, 2008)
História da educação do negro e outras histórias, de Jeruse Romão (Secad/MEC, 2005) Série Pensamento Negro em Educação (vols. 1 ao 9). Núcleo de Estudos Negros de Florianópolis. (site: www.nen.org.br)
Laços atlânticos: imigração africana em São Paulo, de Flávio Thales Ribeiro Francisco (Editorial Diáspora, 2008)
Literatura da Língua Portuguesa Marcos e Marcas (Portugal, Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique, de Maria Aparecida Santilli e Suely Villibor Flory (orgs., Arte e Ciência Editora, 2007)
Políticas públicas e ações afirmativas, Dagoberto José Fonseca
(Selo Negro, 2009)
Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil, de Kabengele Munanga (Editora Global, 2004)
Relações Raciais e Desigualdade no Brasil, de Gevanilda Santos (Selo Negro, 2009)

Sites
Afrobras- http://www.afrobras.org.br/
Ceert - http://www.ceert.org.br/
Cultura Hip-Hop - http://culturahiphop.uol.com.br/

Fonte: Revista Educação – http://revistaeducacao.uol.com.br

domingo, 9 de maio de 2010

A opinião de Rafinha Bastos sobre a declaração de Boris Casoy














Gênio da raça: Lima Barreto
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PERIPÉCIAS E VICISSITUDES DE UM LEITOR PARA CONSEGUIR LER OS CONTOS DE LIMA BARRETO

Ao longo dos últimos meses, a obra de Lima Barreto (1881-1922) reapareceu em edições mais completas, caso das crônicas (pela Agir) e dos contos (pela Crisálida), seguindo tardiamente o caminho aberto pelo pioneiro Um longo sonho de futuro (Graphia), em 1993. Já era tempo. Pois o leitor poderia imaginar eternamente que só os romances contavam, já que eram os únicos reeditados, ou poderia ser induzido a erro pelas confusões editoriais, como aconteceu com a pra-lá-de-discutível Prosa Seleta, (des)organizada por Eliane Vasconcellos e lançada pela Nova Aguilar em 2001, na qual toda a parte dos contos é precária, dos títulos das seções à própria seleção.









Contos Reunidos possibilita o acesso a 58 textos, antes dificilmente encontráveis em conjunto. E na apresentação, Oséias Silas Ferraz aponta com justiça as falhas da Nova Aguilar e sua Prosa Seleta.

Nesse caso, porém, trata-se do roto falando do esfarrapado: não é nada impecável a edição da Crisálida, os erros de revisão avultam e irritam e há até uma epígrafe que sumiu do início de “O filho de Gabriela” (um pensamento de Guyau, em francês, como de praxe na época: “Chaque progrès, au fond, est um avortement, mais l’échec même sert”—mais ou menos: “Cada progresso , no fundo, é um aborto, mas mesmo o fracasso serve”).

“O filho de Gabriela” é uma das obras-primas que compõem a 1ª parte dos Contos Reunidos. São sete textos que funcionavam como apêndice da 1a edição do genial Triste Fim de Policarpo Quaresma.

O mais fraco (por conta de um certo sensacionalismo e por deixar desde cedo muito óbvio o desfecho) é “Um especialista”, no qual o amante de uma mulata descobre estar dormindo com a própria filha. Também poderia ter sido desenvolvida com mais pormenores e situações a atmosfera da pensão siderada pela presença de estrangeiros “distintos” em “Miss Edith e seu tio”. Quanto aos outros cinco é difícil escolher o melhor: a magnífica associação que uma manteúda faz entre um homem que deseja e o automóvel que ele dirige (isso em 1913!), em “Um e Outro”; “Como o homem chegou” onde se narra a kafkiana odisséia do transporte de um prisioneiro pelo interior do Brasil, arrastando-se por anos; a conhecidíssima, e nem por isso menos extraordinária, alegoria da passagem do império para a república que é “A nova Califórnia” (“O alienista” da obra de Lima Barreto); o também sempre favorito das antologias e que nunca deixa de ser atual na cultura brasileira, basta ver as demonstrações de verniz erudito no congresso nas semanas recentes, “O homem que sabia javanês”, no qual uma reputação e uma carreira diplomática são feitos através do logro intelectual.

E, por fim, o pungente “O filho de Gabriela” , aquele que ficou sem epígrafe e que mostra, através do filho mulato da criada, adotado por um casal de brancos, a divisão que atormentava o grande escritor carioca: na reveladora cena de delírio febril do protagonista, a ouvir tambores, cantos e danças que se contrapõem à toda cultura formal que ele assimila com inteligência, porém sempre como um pária, um estrangeiro. E em meio ao seu doloroso ajustamento ao mundo da racionalidade e da vida organizada, o apelo do nada, da dissolução, do não-ser.



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SEGUNDA PARTE

Fica difícil evitar dor-de-cabeça ao se tentar seguir os rastros editoriais de Lima Barreto. Os erros contínuos dos Contos Reunidos, já apontados na primeira parte, prosseguiram –e avançando ao ponto da desarticulação de parágrafos— na 2ª parte, correspondente ao único volume de contos que publicou em vida (1920), Histórias e Sonhos.

A solução foi consultar uma edição melhor, no caso a da Ática, e que ainda traz mais 22 textos curtos, 13 dos quais (os Contos Argelinos) NÃO aparecem na supostamente completa e definitiva seleção dos Contos Reunidos. Porém, 2 textos de Histórias e Sonhos desapareceram na da Ática: “Sua Excelência” e “A matemática não falha”. Não bastassem o descaso e o sofrimento na vida terrena (e a edição original de Histórias e sonhos foi um dos maiores desgostos de Lima Barreto, tanto que escreveu uma veemente errata)!

Na leitura de Histórias e Sonhos (se já não houvesse uma obra-prima como “Um e Outro” para demonstrá-lo) cai por terra uma das afirmações mais repisadas a respeito do seu autor: ele não saberia criar grandes personagens femininas! Ora, ora! Temos a versão em miniatura do seu texto-chave, o mais revelador de todos, tanto que o ocupou a vida inteira, “Clara dos Anjos” (o romance, que enriquece de forma considerável a história, é tido por muitos como inacabado, hipótese indefensável para o responsável por esta coluna), a perfeita trama da sedução de uma mulata ingênua por um mequetrefe, para a qual conspira toda uma subcultura musical tipicamente brasileira. Temos o extraordinário “Cló”, a história de uma garota suburbana praticamente oferecida pelos pais como amante a um deputado casado (e a figura de Maximiliano, o pai, intelectual e incestuoso, é um caso à parte). O fim, em especial, é um arraso (e é preciso observar que nem sempre Lima Barreto era bom em desenlaces). Tem a sonhadora e eternamente casadoira protagonista do cruel “Livia” (“Quinze namorados! Quinze! De que lhe serviram ? Um levara-lhe beijos, outro abraços, outro uma e outra cousa; e sempre esperando casar-se, isto é, libertar-se, ela ia languidamente, passivamente deixando”).

Nesses e em muitos contos, a presença do “bovarismo”, uma obsessão de Lima Barreto (a pretensão de ser uma coisa que não se é). Ele o desmascara com precisão em “Um músico extraordinário”, “O feiticeiro e o deputado”, “Sua Excelência” e “A matemática não falha”.

Há o curioso “Mágoa que rala” conto-reportagem de um caso patológico: um rapaz que se apresenta como autor de um assassinato no Jardim Botânico, mobilizando a opinião pública, e o qual insiste em se dizer o culpado mesmo com todas as evidências em contrário.

Há alguns contos em que ele se mostra um grande, mas imperfeito continuador da linha de contos machadianos do tipo “O segredo do Bonzo” : o acabamento final deixa a desejar, e muitas vezes a mágoa pessoal que ralava o grande escritor suplanta a ironia e o sarcasmo, em textos, no entanto, cheios de momentos brilhantes como “Harakashy e as escolas de Java” e “O Congresso Pan-Planetário”. Em compensação, “Hussein ben Áli-al-Balek e Miquéas Habacuc” é impecável e pode ser considerado uma cartilha para a aquisição do patrimônio digamos ético de muitos políticos que aparecem com destaque no dia a dia da nossa mídia.

Três textos bárbaros e críticos merecem destaque em Histórias e Sonhos (junto com “Cló): “O moleque”, o delicioso “Agaricus auditae” (isto é, cogumelos auditivos) e “A biblioteca” (este último faz uso malicioso das teorias hereditárias que dominavam a cena na época). O mais perturbador é a atualidade de todos eles, “encarando a burguesia atual de todo gênero, os recursos e privilégios de que dispõe, como sendo unicamente meios de alcançar fáceis prazeres e baixas satisfações pessoais, e não se compenetrando ela de ter, para com os outros, deveres de todas as espécies…”

(resenha publicada em 13 de agosto de 2005)



TERCEIRA PARTE

Para finalizar o comentário a respeito da infaustamente mal cuidade edição (a Crisálida perdeu uma oportunidade ímpar) dos Contos Reunidos de Lima Barreto (1881-1922), este artigo abordará as duas seções que apresentam textos publicados postumamente em livro (num total de 32, ou seja, a maior parte dos 58 que constam do volume). O leitor pode encontrá-los numa coletânea bem superior da Garnier (também intitulada Contos Reunidos).

Dos 14 que compõem Outros Contos Reunidos (1951), o destaque vai para “Dentes Negros e Cabelos Azuis”, um dos momentos mais chocantes do ema do racismo e mesmo da autopercepção racista na obra de Lima Barreto, hipertrofiados nas características físicas do protagonista apontadas no título e que estarrecem um assaltante, cujo maior crime acaba sendo o de apiedar-se.

Os demais são basicamente vinhetas, muitas perspicazes e sardônicas, como “Uma Academia da Roça”, farpa mortífera contra a nossa grotesca Academia Brasileira de Múmias. Há tam´bem a versão-miniatura da trama central de Numa e a Ninfa (1915), romance político que poderia ter sido uma obra-prima não fosse tão desalinhavado e pouco orgânico, mas que é recheado de episódios e tipos geniais. No conto, muda-se, enfraquecendo , o nome da Ninfa: de Edgarda passa-se a Gilberta, porém convenhamos que o primeiro era perfeito para a dominatrix do tíbio Numa. Mantém-se o precioso final do livro, quando o deputado descobre que é o amante da esposa quem escreve seus discursos, com os quais brilha no plenário: “Viu que os dois acabam de beijar-se. A vista se lhe turvou;quis arrombar a porta, mas logo lhe veio a idéia do escândalo… O que se jogava ali!A sua honra! Era pouco. O que se jogava ali eram a sua inteligência e a sua carreira, era tudo! Não, pensou ele de si para si, vou deitar-me”.

Entre os 18 Contos Recolhidos (1949) os destaques são muitos, com um dos dois pintos assassinados na alta ficção brasileira (o outro é o de A Legião Estrangeira, de Clarice Lispector), em “O único assassinato de Cazuza”; o notável “Milagre do Natal” é tão bom quanto qualquer grande conto machadiano, com um final digno do mestre, quando o pretendente diz à noiva: “Foi Nosso Senhor Jesus Cristo que nos casou” e ela replica: “Foi a sua promoção”, nesse que é um dos inúmeros piparotes de Lima Barreto contra a praga burocrática que nos assola. Machado de Assis também vem à mente inevitavelmente na leitura de “Carta de um defunto rico”.

É maravilhoso “Quase ela deu o Sim, mas…”, que já configura de forma definitiva (assim como o Cassi Jones, de Clara dos Anjos, só faltou o consumo de drogas) aquela figura típica de tantas famílias brasileiras: o vagabundo doméstico, sempre dependente dos outos, filando tudo e levando a vida, com o futebol (que Barreto abominava, até fez campanha contra) como horizonte cultural máximo. Em “O jornalista” encontramos uma siuação extrema e a grande tentação da imprensa: fabricar fatos ao inves de noticiá-los.

Às vezes, ele fica a dever: como o leitor gostaria que fossem ampliados os detalhes da teia de dívidas que aprisiona a mulher e as filhas do contramestre José de Andrade, “homem morigerado, sem vícios, exemplar chefe de família”, no delicioso e cruel “O tal negócio das prestações”!

Ninguém arrasou mais (ou melhor) a falsa cultura dos emergentes que se tomam por patronos das artes (“Lourenço, o Magnífico”). E há um conto bruzundanga (o livro Os Bruzundangas, aliás, é imperdível), “O falso Dom Henrique V”, que é uma das mais precisas críticas ao feitio da nossa republica. O presidente bruzundanga “decuplicou os direitos de entrada de produtos estrangeiros manufaturados”, “O dinheiro da receita não chegava, aumentou os impostos, e vexações, multas, etc”, “Nunca houve tempo em que se incentivassem com tanta perfeição tantas ladroeiras legais. A fortuna particular de alguns, em menos de 10 anos, quase quintuplicou, mas o Estado, os pequenos burgueses e o povo pouco a pouco foram caindo na miséria mais atroz”. A miséria talvez não seja mais tão atroz, mas todo o resto permanece intocado pelo tempo e pelos corruptos da hora.

(resenha ublicada em 20 de agosto de 2005)

serviço: Contos Reunidos de Lima Barreto – Organização de Oséias Silas Ferraz. Editora Crisálidas. 360 págs. Histórias e sonhos (incluindo Outras Histórias & Contos Argelinos). Editora Ática. Série Bom Livro. 192 págs. + apêndice. Contos Reunidos (47 textos). Editora Garnier. 258 págs.

A Martins Fontes lançou em 2008 a mais palatável reedição dos contos de Histórias & Sonhos. Escrevi uma resenha na época,da qual “recorto” alguns trechos:

Um dos maiores desgostos de Lima Barreto em sua atribulada vida foi ver a edição de Histórias & Sonhos deformada pelos erros. Isso em 1920. Até a presente data nenhum relançamento dera conta de restituir a integridade (seja em termos da publicação completa dos dezenove contos, seja em ausência de erros de impressão e revisão) da coletânea.

Demorou um pouquinho para Lima Barreto, mas finalmente saiu a edição que lhe daria gosto. É um acontecimento importantíssimo: trata-se de uma seleção extraordinária. Nele, encontramos a versão abreviada do seu texto-chave, o mais revelador de todos, tanto que o ocupou a vida inteira, Clara dos Anjos (o romance, que enriquece de forma considerável a história, é tido por muitos como inacabado, hipótese indefensável para quem aqui escreve),a perfeita trama da sedução de uma ingênua mulata por um mequetrefe, para a qual conspira toda uma subcultura musical tipicamente brasileira (…) Nesse e muitos outros, a presença do bovarismo, uma obsessão do grande escritor carioca, a pretensão de ser uma coisa que não se é: ele o desmascara com precisão em Um músico extraordinário; O feiticeiro e o deputado e os geralmente cortados das edições do livro, Sua Excelência e A matemática não falha.

VIDA E MORTE DE M.J.GONZAGA DE SÁ: O FALSO CONSELHEIRO AIRES

A Ática incluiu na sua série de clássicos da língua portuguesa Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sá, uma das melhores obras de Lima Barreto, mas que está bem longe de ser conhecida como Triste Fim de Policarpo Quaresma ou, nos últimos anos, Clara dos Anjos. Foi o primeiro romance levado a cabo pelo grande escritor carioca (por isso se nota a “angústia da influência” com relação a Machado de Assis e seu Conselheiro Aires), porém o último a ser publicado em vida (por iniciativa de Monteiro Lobato, em 1919, só que não parece ter sofrido nenhuma demão muito significativa). Nele, o narrador, Augusto Machado, conta como conheceu o personagem-título, também funcionário público (só que bem mais velho) por causa de uma ridícula questiúncula envolvendo o número de salvas de canhão devidas a um bispo em visita a uma c cidade.

Através da amizade entre Machado e Gonzaga de Sá, vislumbramos o Rio de Janeiro do início do século, sobrepondo mais do que contrapondo a revolta do jovem e a resignação filosófica do velho funcionário diante da mediocridade imperante e da destruição do Rio imperial que Gonzaga de Sá conheceu e que está sendo desfigurado pela Primeira República.

Veja-se o que Machado nos conta no capítulo “O passeador”: “O que me maravilhava em Gonzaga de Sá era o abuso que fazia da faculdade de locomoção. Encontrava-o por toda parte… Subia morros, descia ladeiras, devagar sempre e fumando voluptuosamente, com as mãos atrás das costas, agarrando a bengala. Imaginava ao vê-lo, nesses trejeitos que pelo correr do dia, lembrava-se: como estará aquela casa, assim, assim, que eu conheci em 1876?E tocava pelas ruas em fora para de novo contemplar um velho telhado, uma sacada e rever nelas fisionomias… Ia em procura de sobrados, das sacadas, dos telhados, para que à vista deles não se lhe morressem de todo na inteligência as várias impressões, noções e conceitos que essas coisas mortas sugeriram durante aquelas épocas da sua vida”.



A atitude filosófica de Gonzaga de Sá lembra, é claro, mas só superficialmente, a do Conselheiro Aires criado por Machado de Assis para filtrar de modo ainda mais sutil seu humor e pessimismo corrosivos. O leitor de Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sá vai notando que, conforme o livro vai se desenvolvendo, menos Aires parece o passeador e mais ele e Machado representam, no fundo, uma só pessoa: Machado, a mocidade; Gonzaga, a maturidade (uma maturidade, uma atitude sábia, um tanto problemáticas). Por vezes, o velho Gonzaga abandona sua atitude de “sábio obscuro”, de “geólogo da memória da cidade” para revoltar-se, enraivecer-se, numa atitude mais adequada a seu discípulo, um idealista revoltado como o narrador de outro grande romance de Barreto (foi o próximo a ser completado), Recordações do escrivão Isaías Caminha (publicado em 1909): “Longe de me confortar, a educação que recebi só me exacerba, só fabrica desejos que me fazem desgraçado. Por que mas deram? Para eu ficar na vida sem amor, sem parentes e, porventura, sem amigos? Ah! Se eu pudesse apagá-la do cérebro! Varreria, uma por uma, as noções, as teorias, as sentenças, as leis que me fizeram absorver; e ficaria sem a tentação danada da analogia, sem o veneno da análise. Então, encher-me-ia de respeito por tudo e por todos, só sabendo que devia viver, de qualquer modo”.

Nesse entrançar de mocidade e velhice, revolta e sabedoria, amizade e solidão, espírito amplo e amargura, o Rio de Janeiro avulta. O livro é uma das mais cabais demonstrações da “poesia das cidades” instaurada por Baudelaire, sendo, como é, um passeio pela cidade, centro, praias e subúrbios, passado e presente. É por isso que seu ponto alto é a extraordinária seqüência de capítulos em que Machado acompanha Gonzaga de Sá para velar e enterrar um compadre que morava no subúrbio. É ali que, na atmosfera carregada do velório, Machado despertará para o desejo sexual representado por Alcmena, vizinha do compadre falecido, rebelando-se contra o fato de estar atrelado a uma cerimônia de morte, quando deseja tanto viver, sentir-se vivo, antecipando um pouco o “estrangeiro” de Camus: “No dia seguinte, diante do caixão já fechado, senti-me penetrado de uma indiferença glacial… O domingo estava maravilhoso,glorioso de luz, e os ares eram diáfanos, estava sedutor e sorria abertamente, convidando a gozá-lo em passeios alegres. O silêncio da sala, aquelas velas mortiças, os semblantes contrafeitos e estremunhados das pessoas presentes, diante da soberba luz do sol, da cantante alegria da manhã, pareceram-me sem lógica.”

É um dos maiores momentos da nossa literatura, que compensa até a frouxidão (justificável, num texto escrito aos 20 e poucos anos, e hesitando entre dois caminhos conflitantes um deles, faria dele um êmulo talentoso de Machado; o outro, o que ele seguiu gloriosamente) da estrutura narrativa e o excesso de discursos na fala dos personagens (como se estivessem fazendo preleções e não conversando).

75 anos após a sua morte (em primeiro de novembro de 1922), Lima Barreto continua muito vivo, mais do que muitos autores do Modernismo.

(resenha publicada com ligeiras alterações em 21 de outubro de 1997, ano em que se comemoravam os 75 anos da Semana de Arte Moderna)


POLICARPO QUARESMA: TRAIÇÃO AO ANONIMATO PAPELEIRO

A editora Record vem lançando uma coleção com os textos da primeira edição de clássicos brasileiros, entre eles, o de Triste Fim de Policarpo Quaresma, publicado em 1915 (mas escrito anos antes), um dos textos mais brilhantes e lúcidos da nossa ficção.

Muitos vêem o herói, Policarpo Quaresma, como um Dom Quixote nacional (mas se pensarmos em algumas figuras da Primeira República cheias de projetos nacionalistas utópicos, como o escritor gaúcho João Simões Lopes Neto, dos Contos gauchescos , Quaresma não chega a ser um caso tão peculiar). Ele é um funcionário público quarentão que se entupiu de livros e abraçou um ideal absoluto de nacionalidade, e que começa a cometer “loucuras” para o senso comum, como propor à Assembléia Legislativa a adoção do tupi-guarani como língua oficial do país. Há em Quaresma o mesmo desencontro entre o mundo vislumbrado nos livros e a realidade, e a mesma tomada de consciência da “realidade”, destruindo o ideal, ao final, quando “recobra-se” do fervor patriótico ao ser preso por protestar contra os desmandos da ditadura de Floriano Peixoto, que avilta os direitos humanos após sufocar a Revolta da Armada.

Os embates de Quaresma têm seu lado cômico, contudo há a grandeza pressentida pela afilhada, Olga: “Sentia confusamente nele alguma coisa de superior, uma ânsia de ideal, uma tenacidade em seguir um sonho, uma idéia, um vôo enfim para as altas regiões do espírito que ela não estava habituada a ver em ninguém o mundo em que freqüentava”.

E é nesse diferenciar-se da mediocridade imperante que podemos ver também (e sobretudo) a influência de Flaubert, mais nítida ainda do que a de Cervantes, que considero mais superficial. Pois se Olga não está habituada a ver em ninguém a grandeza, mesmo que submetida ao ridículo, de seu padrinho, é porque Lima Barreto enfatiza para o leitor as mesquinharias e mazelas, a bêtise triunfante na vida social na última década do século passado, concentrando-se na vida suburbana e dos pequenos funcionários (na primeira parte), depois mostrando a vida rural, quando Quaresma tnta tornar produtivo um sítio na cidadezinha de Curuzu (na segunda parte, digna de Bouvard e Pécuchet), e,mais tarde, ao mostrar o jogo de interesses que preside o “patriotismo”, o sentimento nacionalista, quando explodem as revoltas contra Floriano. Tudo se mostra pequeno, acanhado, acachapante, a própria Olga (que tem mais imaginação que as outras moças) resigna-se ao destino do casamento por conveniência.



O outro lado da história?

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A Guerra do Paraguai: um holocausto sul-americano (financiado pelo capitalismo imperialista inglês judaico)

• Postado por Marçal, T. em 8 fevereiro 2010 às 23:30
• Exibir blog de Marçal, T.
A Guerra do Paraguai ou um holocausto sul-americano
Uma guerra que manchou nossa história.
A Guerra do Paraguai teve início em dezembro de 1864 e encerrou-se oficialmente em março de 1870. Ela deve ser classificada como um dos mais terríveis genocídios cometidos em nossa América.
Sob o patrocínio da Inglaterra financiado pelo capitalismo imperialista inglês judaico) que não admitia a independência, o desenvolvimento econômico, social e político de qualquer país, Brasil e Argentina foram protagonistas nesse horrendo e vergonhoso massacre.
As ações beligerantes tiveram início na verdade pouco antes com a tomada do Uruguai pelo almirante Tamandaré. A invasão completava o isolamento, e criava as condições para a completa destruição do Paraguai. O governo uruguaio foi destituído, montou-se então um governo submisso aos interesses da Inglaterra, do Brasil e Argentina (principalmente comprometido com os interesses dos nossos gaúchos que praticavam sistematicamente rapinagem e ocupavam terras uruguaias).
Jogo combinado.
Brasil, Argentina e Uruguai (coadjuvante) assinam no dia 1º de maio de 1865 o fatídico Tratado da Tríplice Aliança que estabelece parâmetros para destruir a República Guarani. É a prova cabal do crime.
O Brasil imperial não tinha um exército estabelecido, a Argentina metida em lutas separatistas não era um país propriamente, o Uruguai subjugado... Mas monta-se uma força militar de esfarrapados acreditando que em poucas semanas estariam dividindo os espólios. Como vimos a guerra durou 5 anos!
Em 1840 o Paraguai era um país sem analfabetos.
O Paraguai consegue sua independência em 14 de maio de 1811. O ditador José Gaspar Rodríguez de Francia assume a presidência com mãos de ferro e destrói as oligarquias, os privilégios clericais... E ainda faz uma ampla reforma agrária e socializa os meios de produção.
Francia morre em 1840.
O Paraguai começava a dar os primeiros passos rumo ao desenvolvimento, com uma audaciosa autonomia em relação ao império britânico. Mas dependia dos países visinhos para chegar ao atlântico e realizar suas exportações.
Carlos Antonio López substitui Francia. O Paraguai consegue novos avanços: desenvolve ainda mais a agricultura, contrata técnicos e mão de obra qualificada no exterior, inaugura obras importantes de infra-estrutura, cria ousadamente uma indústria promissora.
Em 1862 Carlos Antonio López morre e o parlamento paraguaio indica seu filho Francisco Solano López para sucedê-lo.
O novo ditador Francisco Solano López mantém a mesma rota de seus antecessores e se revela um grande comandante militar, mas o destino do país já estava traçado.
Rápidas considerações sobre a guerra.
Os motivos da guerra foram essencialmente econômicos. Os nossos bravos pares falavam em libertação... Mas o que se pretendia e de fato aconteceu, foi o extermínio de um povo.
O Brasil não tinha moral para falar em ideais democráticos e libertários! Vivíamos em um regime imperial escravocrata. O Paraguai já tinha acabado com a escravidão e seu povo tinha educação, saúde, comida farta e orgulho de sua condição.
Duque de Caxias, por exemplo, ficou impressionado com o nível educacional e de informação dos paraguaios, além de reconhecer a bravura e o excelente porte físico dos combatentes.
A superioridade numérica das forças agressoras e o isolamento foram fatais. Sem saída para o mar o Paraguai produzia suas próprias armas e não contava com nenhum auxílio externo. Ao contrário do Brasil, Argentina e Uruguai que executaram o serviço e ainda ficaram devendo as calças para o trono(capital judaico)inglês.
Os voluntários da pátria?!
A proporção racial dos combatentes brasileiros chama a atenção. Os bravos nobres “voluntários da pátria” enviavam seus escravos para o campo de batalha. Para cada combatente branco existiam pelo menos 45 negros escravos (certamente o morticínio que ocorreu em nossas fileiras contribuiu para embranquecer o sul e o sudeste do Brasil).
E ainda, o exército brasileiro recebia todo tipo de desocupados e bandidos que perambulavam pelas ruas e prisões.
A situação dos argentinos não era diferente e boa parte de seus soldados ia acorrentada para o campo de batalha. Olha o que diz este recibo de um ferreiro argentino: Recebi do governo da província de Catamarca a soma de quarenta pesos bolivianos, pela construção de duzentos grilhões para os voluntários catamarquenses que vão à guerra contra o Paraguai.
O campo de batalha.
Os países aliados lançavam mão de todas as armas e artifícios nem sempre honrosos. Os paraguaios capturados eram decapitados, inclusive mulheres, idosos e crianças.
O representante dos Estados Unidos Carles Washburn, um bandido famoso no Plata informava seu governo: Por sua torpeza e cegueira junto com outros pecados, o povo paraguaio merece o completo extermínio que o aguarda. O mundo terá justo motivo para congratular-se quando não houver nele uma só pessoa que fale o endiabrado idioma guarani.
Duque de Caxias em carta ao imperador dom Pedro II diz: é impossível que López possa viver sem o povo paraguaio, a este seja impossível viver sem López... Para terminar a guerra, isto é, para converter em fumo e pó toda a população paraguaia, para matar até o feto do ventre da mulher, e matá-lo não como um feto, mas como a um adail.
Duque de Caxias tenta estabelecer a paz com López mas o imperador não autoriza e sabe que é preciso respeitar o tratado assinado com os outros dois aliados.
Contrariado Caxias se demite do comando da guerra em 5 de janeiro de 1868. Em carta ao imperador diz: A paz com López, a paz, Imperial Majestade, é o único meio salvador que nos resta... Antes de presenciar o cataclisma funesto... Impetro a V. Majestade a especialíssima graça de outorgar-me minha demissão do honroso posto...O conde d´Eu.
Com a saída de Caxias o comando de campanha passa para Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans, o conde d’Eu, cunhado do imperador dom Pedro II. Esse cafajeste fez boa parte do serviço sujo, sempre com requintes de sadismo.
No dia 16 de agosto de 1869 ficou famoso por comandar a “batalha” de Acosta Ñu. Seus 20.000 bravos soldados enfrentaram cerca de 3.500 meninos quase que desarmados, doentes e esfomeados. Foram todos mortos (no Paraguai comemora-se o dia das crianças em 16 de agosto). Em Piribeduy cerca o hospital da cidade e toca fogo no prédio com todos os enfermos dentro.
Os números: 99,50% dos homens adultos paraguaios foram mortos!
Os números da guerra do Paraguai são impressionantes e revelam a crueldade e objetivos reais daquela missão.
Antes da guerra a população paraguaia passava dos 800.000. Cerca de 75, 75% dos habitantes morreram. Sobreviveram cerca de 2.100 homens adultos paraguaios, provavelmente em condições de reprodução (seriam os traidores foragidos, covardes ou os que tinham corpo fechado?).
No dia 1º de março de 1870 as tropas brasileiras comandadas pelo general Câmara cercam Cerro Corá e Francisco Solano López deu seu brado final: morro com minha pátria!
O general Câmara escreveu: O tirano foi derrotado, e não querendo render-se, foi morto à minha vista. Intimei-o com ordem de render-se quando já estava completamente derrotado e gravemente ferido, e não querendo, foi morto.
Fatos e versões.
Precisamos ser honestos, somos os bandidos nessa história. Humildemente precisamos pedir desculpas pelo crime que cometemos no Paraguai (assim como fez o governo alemão ao povo judeu). (Neste caso os judeus vergonhosamente precisaria pedir desculpas pelo financiamento deste holocausto )Precisamos ainda devolver simbolicamente os espólios de guerra.
Aos brasileiros nacionalistas, e aos argentinos arrogantes tomo a liberdade de recomendar que continuem comemorando a bravura dos heróis combatentes degustando um legítimo ballantines paraguaio.*
* Este rascunho é fruto de algumas leituras, principalmente do livro “Genocídio Americano: a Guerra do Paraguai” de Julio José Chiavenato.


TRÁFICO DE ESCRAVOS:
UM MONOPÓLIO JUDEU

Os livros de história são omissos, incompletos e incoerentes quando o assunto é o tráfico de escravos negros da África para o continente Americano. Os judeus, proprietários dos meios de comunicação de massa, tentam, hoje, imputar a culpa pelo tráfico de escravos aos Europeus e, com o cinismo habitual, fingem solidarizar-se com aos negros. Mas segundo fontes dos próprios judeus eram eles, os judeus, os detentores de um verdadeiro monopólio sobre o tráfico de escravos negros.

Segue abaixo uma pequena e INCOMPLETA relação destes traficantes:

Nome do Navio

Proprietários

Nacionalidade dos proprietários

Abigail

Aaron Lopez,
Moses Levy,and
Jacob Franks

Judeus

Crown

Isaac Levy and
Nathan Simpson

Judeus

Nassau

Moses Levy

Judeu

Four Sisters

Moses Levy

Judeu

Anne & Eliza

Justus Bosch and
John Abrams

Judeus

Prudent Betty

Henry Cruger and
Jacob Phoenix

Judeus

Hester

Mordecai and
David Gomez

Judeus

Elizabeth

Mordecai and
David Gomez

Judeus

Antigua

Nathan Marston and
Abram Lyell

Judeus

Betsy

Wm. De Woolf

Judeu

Polly

James De Woolf

Judeu

White Horse

Jan de Sweevts

Judeu

Expedition

John and Jacob
Roosevelt

Judeus

Charlotte

Moses and Sam Levey
Jacob Franks

Judeus

Caracoa


Moses and Sam Levey

Judeus

Isaac Gomez

Judeu

Hayman Levy

Judeu

Jacob Malhado

Judeu

Naphtaly Myers

Judeu

David Hart

Judeu

Joseph Jacobs

Judeu

Moses Ben Franks

Judeu


Moises Gomez

Judeu

Isaac Diaz

Judeu

Benjamim Levy


Judeu


David Jeshuvum

Judeu

Jacob Pinto

Judeu
Jacob Turk

Judeu

Daniel Gomez

Judeu


James Lucana
Judeu




Jan DeSweevts

Judeu

Felix ("cha-cha") de Souza
(conhecido como o "príncipe dos escravos", ficando somente atrás de AARON LOPEZ).

Judeu

Simeon Potter

Judeu

Isaac Elizer
Judeu


Jacob Rod

Judeu


Jacob Rodrigues Rivera

Judeu


Haym Isaac Carregal

Judeu

Abraham Touro


Judeu

Moses Hays

Judeu



Moses Lopez

Judeu


Judah Touro

Judeu

Abraham Mendes


Judeu

Abraham All

Judeu


Fontes:
Elizabeth Donnan, 4 vols. Documents Illustrative of the History of the Slave Trade to America, Washington D.C. 1930-1935 Carnage Institute of Technology, Pittusburgh, Pennsylvania.

The History of the Judeus in Newport. Rabino Morris A. Gutstein; Carnegie Institute of Technology, Pennsylvania, USA)
http://members.libreopinion.com/us/revision5/negros.htm

Entrevista de Mahmoud Ahmadinejad para a revista Der Spiegel :




Spiegel: Senhor Presidente, o senhor é um fã de futebol e até mesmo gosta de jogar. Quando a seleção do Irã jogar contra o México, em 11 de junho, na Alemanha, o senhor estará sentado no estádio de Nuremberg?

Ahmadinejad: Depende. Certamente o verei, porém, não sei se em casa ou em outro lugar. Minha decisão depende de várias coisas.

Spiegel: Por exemplo?

Ahmadinejad: De quanto tempo eu tenha, de como caminharão alguns assuntos, se estarei com vontade e de outros assuntos.

Spiegel: Tem havido muita indignação na Alemanha, quando o Senhor disse que iria apresentar-se. Como vê isso?

Ahmadinejad: Não, isso não é o importante, nem sequer sei porque aconteceu isso. Não tem importância para mim. Não sei porque se armou essa agitação.

Spiegel: Tem a ver com sua opinião sobre o Holocausto. É natural que a negação do assassinato sistemático dos judeus por parte dos alemães provoque indignação na Alemanha.

Ahmadinejad: Não entendo bem a conexão.

Spiegel: Primeiro, faz públicas suas opiniões sobre o Holocausto. Depois, chega seu anúncio de que pensa em viajar à Alemanha, o que origina uma agitação. E, todavia, o senhor estranha o fato?

Ahmadinejad: Não, de forma alguma, pois as redes sionistas são muito ativas em todo o mundo, também na Europa, sendo assim não me surpreendeu. Nos dirigíamos ao povo alemão, não temos nada a ver com os sionistas.

Spiegel: Negar o Holocausto é um delito na Alemanha. O Senhor é indiferente à violação dessa lei?

Ahmadinejad: Sei que Der Spiegel é uma revista respeitada. Porém, não sei se é possível para vocês publicarem a verdade sobre o Holocausto. Permitem-lhe publicar a verdade?

Spiegel: É claro que nos é permitido publicar nossas investigações sobre o que ocorreu há 60 anos. Sob nosso ponto de vista, não há dúvida de que, desgraçadamente, os alemães têm culpa da morte de 6 milhões de judeus.

Ahmadinejad: Bem, chegamos a um ponto muito concreto da discussão. Estamos afrontando duas questões. A primeira é: ocorreu realmente o Holocausto? Você responde afirmativamente. Assim, a pergunta é: de quem foi a culpa? A resposta a isso tem que vir da Europa e não da Palestina. Está perfeitamente claro: se o Holocausto ocorreu na Europa, então a solução a esse problema tem que estar na Europa. Por outro lado: se o Holocausto não existiu, então, por que esse regime de ocupação...

Spiegel: Quer dizer o Estado de Israel?

Ahmadinejad: ...aconteceu? Por que os Estados europeus unem-se para apoiar esse regime? Permita-me uma coisa: somos da opinião de que, se um acontecimento histórico se sujeita à verdade, essa verdade será mais clara, todavia, se existe uma investigação independente e mais discussão sobre ela.

Spiegel: Isso tem ocorrido desde há muito na Alemanha.

Ahmadinejad: Não queremos confirmar nem negar o Holocausto. Estamos contra qualquer tipo de crime, porém, queremos saber se esse crime realmente aconteceu. Se ocorreu, os que têm responsabilidade sobre ele, têm que pagar, não os palestinos. Por que não é permitido investigar sobre um acontecimento que ocorreu há 60 anos? Além disso, outros que têm demonstrado que eram mentiras e que aconteceram há milênios, se tem investigado sem problemas nos estados.

Spiegel: Senhor Presidente, com todo o respeito, o Holocausto ocorreu: houve campos de concentração, há dossiês sobre o extermínio dos judeus, tem havido muita investigação a respeito e não há a menor dúvida de que existiu e de que os alemães tiveram culpa. E que o assunto dos palestinos não está conectado com isto, o que nos leva ao presente.

Ahmadinejad: Não, não, as raízes do conflito palestino estão no passado. O Holocausto e a Palestina estão diretamente conectados. E se o Holocausto aconteceu, então devem permitir a grupos independentes estudá-lo, de todo o mundo. Por que o restringem somente para um grupo? Não me refiro a você, senão aos governos ocidentais.

Spiegel: Continua o senhor afirmando que o Holocausto seja um mito?

Ahmadinejad: Só aceitarei algo se estou totalmente convencido.

Spiegel: Inclusive se a totalidade dos estudiosos na Europa estão convencidos?

Ahmadinejad: Porém, na Europa há duas correntes sobre o tema. Uma delas, politicamente motivada, está convencida que sim. Há outro grupo de estudiosos, que em sua maior parte tem estado prisioneiros, que pensam o contrário. Decorre daí que um grupo independente deva ocupar-se da questão, porque sua elucidação vai contribuir para a solução de problemas globais. Sob o pretexto do Holocausto se tem produzido uma grande polarização no Planeta. Portanto, é importante que um grupo imparcial e internacional trate de esclarecer a investigação e não encarcerar os estudiosos.

Spiegel: De que investigações fala? Quem deveria participar?

Ahmadinejad: Conhece-os melhor do que eu: falo de ingleses, franceses, alemães e australianos.

Spiegel: Seguramente fala do inglês David Irving, o alemão Ernst Zündel e o francês Georges Theil que negam o Holocausto.

Ahmadinejad: O mero fato de que minha opinião tenha causado tanto rebuliço, ainda que não seja europeu, e que haja sido comparado com certos personagens, indica que o tema tem muita carga emocional. No Irã não haveria este problema.

Spiegel: Estamos levando o tema até aqui por uma razão: o senhor questiona o direito de Israel existir?

Ahmadinejad: Observe, o que estamos dizendo é que, se o Holocausto aconteceu, então a Europa tem que arcar com as conseqüências, não a Palestina. Se não aconteceu, então os judeus devem voltar ao lugar de onde vieram. Creio que os alemães de hoje são prisioneiros do que ocorreu há sessenta anos. Nessa guerra morreram 60 milhões de pessoas. Somos contrários à morte de qualquer pessoa: sejam judeus, cristãos ou muçulmanos. O que dizemos é: por que entre os sessenta milhões, o importante são os judeus?

Spiegel: Porém não é o caso. Todo o mundo lamenta a morte de poloneses, russos e alemães, e outros. Nós, como alemães, não podemos escusar-nos das mortes sistemáticas de milhões de judeus. Mas talvez devamos ir ao próximo tema.

Ahmadinejad: Agora eu tenho uma pergunta para você. Qual o papel da juventude atual na Segunda Guerra Mundial?

Spiegel: Nenhum.

Ahmadinejad: Então, por que tem que ter sentimentos de culpa a respeito dos sionistas? Por que os custos dos sionistas devem sair de nossos bolsos? Se as pessoas cometeram crimes há sessenta anos, deveriam ter sido julgados então. Fim da história. Por que os alemães atuais têm que ser humilhados porque uma série de gente cometeu crimes em nome dos alemães em um momento da história?

Spiegel: Os alemães de agora não podem fazer nada. Porém há uma parte deles que sentem vergonha pelo que fizeram seus pais e avós.

Ahmadinejad: Como uma pessoa pode fazer-se responsável de algo, quando nem sequer tinha nascido?

Spiegel: Não legalmente, porém, moralmente.

Ahmadinejad: Por que os alemães de hoje têm que carregar esta culpa? Os alemães de hoje não têm a culpa. Por que não se lhes permite defender-se? Por que se insiste tanto nos crimes de um grupo ao invés de reivindicar sua grande história? Por que os alemães não podem se expressar livremente?

Spiegel: Senhor Presidente: os alemães sabem que nossa história não é somente os 12 anos do Terceiro Reich. Sem embargo, devemos aceitar que estes horríveis crimes foram cometidos em nome dos alemães e é uma grande conquista do pós-guerra, ter feito uma autocrítica sobre o tema.

Ahmadinejad: Vai atrever-se a dizer isso para sua gente?

Spiegel: Oh, sim, claro.

Ahmadinejad: Então, permitiria que um grupo independente pergunte aos alemães se compartilham com sua opinião? Nenhuma pessoa aceita sua própria humilhação.

Spiegel: Todas as perguntas estão permitidas neste país, porém, há um grupo (não são antisemitas) senão xenófobos, que consideramos uma ameaça.

Ahmadinejad: Permita-me fazer uma pergunta mais: quanto tempo mais vai durar isto? Por quanto tempo mais os alemães vão ser reféns dos sionistas? 20, 50, 1000 anos?

Spiegel: Só podemos falar por nós mesmos. Der Spiegel não é um refém de Israel, também criticamos sua política na Palestina. Porém queremos deixar uma coisa clara: somos críticos independentes, porém, não permanecemos impassíveis quanto ao direito de Israel (onde vivem muitos sobreviventes do Holocausto) é questionado.

Ahmadinejad: Precisamente esta é a questão. Se realmente houve um Holocausto, os israelenses devem ser realojados na Europa, não na Palestina.

Spiegel: Quer realojar milhões de pessoas, 60 anos depois da guerra?

Ahmadinejad: 5 milhões de palestinos não têm casa há 60 anos. Vocês têm pago reparações de guerra durante 60 anos e ainda restam outros 100. O quê o destino dos palestinos tem a ver com isto?

Spiegel: Os europeus apoiam aos palestinos de diferentes maneiras. Depois de tudo, temos uma responsabilidade pela paz na região. O senhor não compartilha com essa responsabilidade?

Ahmadinejad: Sim, porém, a repetição do Holocausto não vai trazer a paz, o que queremos é uma paz que perdure. E isso quer dizer que há que ir à raiz do problema. É admirável sua sinceridade ao declarar seu apoio aos sionistas.

Spiegel: Eu não disse isso.

Ahmadinejad: Você disse israelenses.

Spiegel: Senhor Presidente, nós conversamos sobre o Holocausto pois queremos conversar sobre o possível armamento atômico do Irã - e por isso o senhor é visto como um perigo para o Ocidente.

Ahmadinejad: Vários grupos do Ocidente gostam de classificar coisas ou pessoas como perigosas. Por favor, esteja livre para julgar da forma que lhe parecer mais correta.

Spiegel: A questão principal é: o senhor quer armas nucleares para seu país?

Ahmadinejad: Me permita formentar uma discussão: o que o senhor acha, por quanto tempo pode-se reger o mundo com a retórica de algumas potências ocidentais? Assim que se tenha algo contra uma pessoa, já começam com a propaganda e mentiras, com difamação e ameaça. Por quanto tempo isso deve durar?

Spiegel: Nós estamos aqui para descobrir a verdade. O chefe de Estado de um país vizinho declarou para Der Spiegel: "They are very keen on building the bomb." Isso é correto?

Ahmadinejad: Veja, nossa discussão com nosso vizinhos e com os governos europeus dá-se em outro nível, mais elevado. Nós somos da opinião que esta Ordem Mundial, onde alguns países forçam sua vontade perante o resto do mundo, seja discriminatória e instável. 139 países são membros da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), em Viena, nós também. Tanto o estatuto da IAEA, assim como o Tratado de não proliferação de Armas Atômicas, e também todo o conjunto de acordos de segurança, permitem que os países membros disponham do enriquecimento de urânio para fins pacíficos; isto é um direito legítimo de qualquer povo. Mais além, a Agência Internacional de Energia Atômica também foi acionada para promover o desarmamento daquelas potências que já possuam armas atômicas. E agora observe o que acontece hoje: o Irã tem o melhor trabalho conjunto com a IAEA. Mais de 2.000 vezes tivemos inspeção em nossas instalações, os inspetores receberam documentos com mais de 1.000 páginas. Suas câmeras estão instaladas em nossas centrais nucleares. Em todos os relatórios, a IEAE salientou que não há qualquer indício de irregularidades. Este é um dos lados.

Spiegel: A IAEA não vê da mesma forma que o senhor.

Ahmadinejad: Entretanto, o outro lado é: existem alguns países que possuem tanto energia atômica, assim como armas nucleares. Eles utilizam suas armas nucleares para ameaçar outros povos. Justamente estas potências estão preocupadas que o Irã desvie-se do caminho do uso pacífico. Nós dizemos, se estas potências estão preocupadas, elas podem nos inspecionar. Estas potências dizem, porém: os iranianos não podem fechar o ciclo de enriquecimento de urânio, pois então abre-se a possibilidade deles se desviarem do uso pacífico. Nós dizemos que estes países já se distanciaram há muito tempo do uso pacífico. Estas potências não têm o direito de conversar conosco desta maneira. Esta Ordem é injusta; ela não pode prevalecer.

Spiegel: Senhor Presidente, todavia, a pergunta crucial é: quão perigoso torna-se o mundo se mais países entrarem para o rol das potências atômicas, se um país como o Irã, cujo presidente faz ameaças possuir a bomba numa região em crise?

Ahmadinejad: Nós somos em princípio contrários ao aumento do arsenal com armas atômicas. Por isso sugerimos que uma organização apartidária seja criada e desarme as potências atômicas. Nós não necessitamos de qualquer arma; nós somos um povo civilizado e com uma rica cultura; nossa cultura mostra que nós nunca atacamos outro país.

Spiegel: O Irã não precisa da bomba que ele quer fabricar?

Ahmadinejad: É interessante que os países europeus queriam em outra época fornecer armas atômicas ao regime ditatorial do Xá. Este regime era perigoso, mas mesmo assim eles estavam dispostos em fornecer a ele tecnologia nuclear. Mas desde que existe a República Islâmica, estas potências estão contra. Eu saliento mais uma vez, nós não necessitamos de armas atômicas. Como nós somos fiéis e agimos de acordo com a lei, nós mantemos a palavra dada. Nós não somos pilantras. Nós só queremos fazer valer nossos direitos. Além disso, eu não ameacei quem quer que seja - isso também vale para a máquina propagandística contra mim, que funciona em seus países.

Spiegel: Não seria então necessário mencionar que ninguém deve ter medo diante da possibilidade de que o senhor possa produzir armas nucleares, as quais o senhor possivelmente poderia utilizar contra Israel e deflagar uma eventual guerra mundial? Senhor Presidente, o senhor está sentado sobre um barril de pólvora.

Ahmadinejad: Me permita dizer duas coisas. Nenhum povo da região tem medo de nós. E ninguém deve amendrontar os povos. Nós acreditamos que se os EUA e dois a três países europeus não se intrometessem, então os povos da região iriam viver conjuntamente como nos últimos milênios. Saddan Hussein também foi instigado em 1980 por países europeus e pelo EUA, para iniciar uma guerra contra nós. Em relação à Palestina, nossa posição é bem clara. Nós dizemos: permitam que os proprietários dessas terras exprimam suas opiniões. Permitam que judeus, cristãos e mulçulmanos digam suas opiniões. Os opositores desta proposta formentam a guerra e ameaçam a região. Por que os EUA e esses dois a três países europeus são contra? Eu creio que aqueles que aprisionam os negadores do Holocausto são a favor da guerra e contra a paz. Nosso ponto de vista é democrático e a favor da paz.

Spiegel: Os palestinos estão um passo a frente do senhor há muito tempo. Eles reconhecem Israel de fato, enquanto o senhor deseja expulsá-los do mapa. Os palestinos estão prontos para uma solução com dois Estados, enquanto o senhor nega a Israel o direito à existência.

Ahmadinejad: O senhor se engana. O senhor viu que o povo escolheu o Hamas em eleições livres na Palestina. Nós dizemos, nem os senhores nem nós mesmos devemos nos tornar porta-vozes do povo palestino. Os palestinos devem dizer eles mesmo, o que querem. É típico na Europa a realização de referendos para cada tema. Deveria-se também dar aos palestinos a possibilidade de expressão da própria opinião.

Spiegel: Os palestinos têm o direito ao seu próprio Estado, mas os israelenses logicamente também, segunda nossa visão.

Ahmadinejad: De onde vêm os israelenses?

Spiegel: Sabe, se nós formos reconsiderar e perguntar de onde vêm as pessoas, então todos os europeus devem retornar à Africa, de onde todas as pessoas são originárias

Ahmadinejad: Nós não falamos sobre os europeus, nós falamos sobre os palestinos. Os palestinos estavam lá na Palestina. Agora tornaram-se cinco milhões de refugiados. Eles não têm direito à vida?

Spiegel: Senhor Presidente, não chega então a hora de dizer: o mundo é como ele é, e nós devemos nos adequar ao status quo em que ele se apresenta? Após a guerra contra o Iraque, o Irã está, sim, em uma posição favorável. A América perdeu de fato a Guerra do Iraque. Não é então chegado o tempo do Irã atuar contrutivamente para a paz no Oriente Médio? E isso não significaria que o Irã abdicasse de seus planos atômicos e discursos radicais?

Ahmadinejad: Eu me espanto como o senhor incorpora a posição dos políticos europeus e a defende fanaticamente. O senhor é uma revista e não um governo. Dizer que nós devamos aceitar o mundo como ele se apresenta hoje, signica que os vencedores da Segunda Guerra Mundial permanecerão potências vitoriosas por mais 1.000 anos e que o povo alemão deverá ser humilhado por mais 1.000 anos. O senhor pensa que esta seja a lógica correta?

Spiegel: Não, não é a lógica correta, e também não se insere no contexto. Os alemães têm uma participação humilde, mas importante nos fatos mundiais a partir dos desenvolvimentos do pós-guerra; eles não se sentem desde 1945 humilhados e indignados. Nós somos muito conscientes. Todavia, nós queremos conversar agora sobre o papel atual do Irã.

Ahmadinejad: Então nós aceitaríamos que palestinos sejam mortos diariamente, morram através de atos terroristas, que casas sejam destruídas. Mas me permita falar sobre o Iraque. Nós sempre fomos a favor da paz e segurança na região. Os países ocidentais armaram militarmente Saddam ao longo de oito anos contra nós, inclusive armas químicas, e o apoiaram politicamente. Nós éramos contra Saddam, nós sofremos sérios danos por sua causa; nós estamos felizes que ele tenha caído. Mas nós não aceitamos que um país seja engolido com a desculpa de retirar Saddam. Mais de 100.000 iraquianos foram mortos sob o domínio dos invasores. Felizmente, os alemães não estão entre eles. Nós queremos segurança no Iraque.

Spiegel: Mas senhor Presidente, que engoliu o Iraque? A guerra está praticamente perdida para os EUA. Se o Irã tivesse uma participação construtiva, os americanos poderiam ser ajudados e ele poderiam pensar em uma retirada.

Ahmadinejad: Os americanos dominam o país, matam pessoas, vendem o petróleo, e se eles perdem, eles colocam a culpa nos outros. O povo iraquiano tem estreitos laços conosco. Muitas pessoas em ambos os lados da fronteira são parentes entre si. Nós convivemos mutuamente durante milhares de anos. Nossas cidades sagradas localizam-se no Iraque. O Iraque foi um centro da civilização, da mesma forma que o Irã.

Spiegel: E o que se segue?

Ahmadinejad: Nós sempre dissemos que apoiaríamos o governo eleito pelo povo iraquiano. Mas no meu ponto de vista, os americanos o fazem errado. Eles nos enviaram várias vezes mensagens pedindo ajuda e trabalho mútuo. Eles disseram que nós deveríamos entabular conversas com o Iraque. Embora nosso povo não deposite confiança nos americanos, nós aceitamos a oferta e tornamos isso público. A América se expressou de forma negativa; ela nos ofendeu. Agora nós participamos também para a segurança no Iraque. A condição para conversações é que os americanos mudem o tom.

Spiegel: O senhor se alegra às vezes em provocar os americanos e o resto do mundo?

Ahmadinejad: Não, eu não ofendo alguém. A carta que eu escrevi ao senhor Bush foi cordial.

Spiegel: Nós não nos referimos a ofender, mas sim provocar.

Ahmadinejad: Não, nós não nutrimos inimizades com quem quer que seja. Nós estamos preocupados com os soldados americanos que morrem no Iraque. Por que eles devem deixar sua vida lá? A guerra perdeu o sentido. Por que existe guerra se existe a razoabilidade?

Spiegel: A carta que o senhor escreveu ao presidente, também um gesto aos americanos, sugere que se inicie uma negociação direta?

Ahmadinejad: Nós expusemos claramente nossa posição, exatamente desta forma vemos a situação do mundo. A atmosfera política foi fortemente profanada por algumas potências, pois à vista delas, mentir e enganar têm legitimidade. Isso é muito ruim à nossa vista. Para nós, todas as pessoas merecem respeito. As relações devem ser regularizadas através do princípio de justiça. Se a justiça impera, impera a paz. Comportamentos incorretos não têm fundamento, mesmo se Ahmadinejad se expresse contrário.

Spiegel: Nesta carta ao presidente americano, tem uma passagem sobre o 11 de setembro. Nós citamos: "Como poderia tal operação ser planejada e coordenada sem a cooperação dos serviços secreto e de segurança, e sem a infiltração mundial desses serviços?" Para o senhor, paira-se muitas suposições. O que quer dizer isso? A CIA contribuiu para que Mohamed Atta e outros 18 terroristas tenham levado a cabo suas ações?

Ahmadinejad: Não, eu não me referi a isto. Nós somos da opinião que eles devam dizer quem são os culpados. Eles não devem, sob o pretexto do 11 de setembro, atacar militarmente o Oriente Médio. Eles devem levar os culpados à justiça. Nós não somos contra, nós condenamos o atentado. Nós condenamos toda ação contra pessoas inocentes.

Spiegel: Nesta carta o senhor também escreveu que a propagação do liberalismo ocidental fracassou. Como o senhor chegou a essa conclusão?

Ahmadinejad: Veja, para o problema palestino, o senhor tem milhares de definições, e também a democracia é definida diferentemente em cada discurso. Quando um fenômeno depende da opinião de muitos indivíduos, os quais definem o fenômeno subjetivamente, então não faz sentido; com isso não se pode solucionar os problemas mundiais. Precisa-se de um novo caminho. Nós somos naturalmente favorável que prevaleça a vontade livre do povo, mas precisamos princípios básicos, que todos aceitem - por exemplo, a justiça. Nisto, o Irã e o Ocidente estão de acordo.

Spiegel: Qual o papel da Europa para a solução do conflito atômico e o que o senhor espera da Alemanha?

Ahmadinejad: Nós formentamos uma boa relação com a Europa, principalmente com a Alemanha. Ambos os povos se gostam. Nós estamos interessados que esta relação seja ampliada. Europa fez três erros em relação ao nosso povo. O primeiro erro foi apoiar o regime do Xá. Por causa disso, nosso povo está decepcionado e infeliz. A França com certeza, pelo fato de ter acolhido o Imã Komeini, obteve uma posição especial que, porém, perdeu mais tarde. O segundo erro foi apoiar Saddam na guerra contra nós. A verdade é que nosso povo esperava ver a Europa ao nosso lado e não contra nós. O terceiro erro foi o comportamento na questão nuclear. A Europa será a grande perdedora e não terá nada do conflito. Nós não queremos isso.

Spiegel: Como se desenrolará daqui para a frente o conflito entre o mundo ocidental e o Irã?

Ahmadinejad: Nós entendemos a lógica dos americanos. Eles tiveram perdas pela vitória da revolução islâmica. Mas nós nos espantamos pelo fato de alguns países europeus estarem contra nós. Na questão nuclear, eu enviei uma mensagem onde perguntei, por que os europeus nos traduzem as palavras dos americanos? Eles sabem que nossas atividades são orientadas para fins pacíficos. Se os europeus ficarem ao nosso lado, será do seu interesse e do nosso. Mas se eles se posicionarem contrários a nós, então eles sofrerão as conseqüências. Pois nosso povo é forte e decidido. Os europeus estão perdendo totalmente seu papel no Oriente Médio, e em outras regiões do mundo eles perdem seu renome. Pensar-se-á que eles não estão mais na posição de solucionar problemas.

Spiegel: Senhor Presidente, obrigado pela entrevista.

A entrevista foi realizada pelos redatores da Der Spiegel, Gerhard Spörl, Stefan Aust e Dieter Bednarzm, em Teerã.




06/08/1945 "O Dia em que o Sol desabou"

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Little Boy foi a primeira bomba atômica
a ser lançada sobre um alvo humano

Bom, para quem não saiba amanha (06/8) fará 60 anos desde de a maior covardia da história mundial.
Em 6 de agosto de 1945, com a guerra praticamente acabada, duas bomba cairiam no Japão para acabar totalmente com a guerra, e também em mais de 1 milhão de vidas inocentes.
Duas bombas atômicas foram lançadas no Japão em Hiroshima e Nagasaki, uma forma de um belo cogumelo surgiu para quem estava a salvo distante das cidades, um belo cogumelo que pôs fim a vida de muitos inocentes.

Hiroshima 6 de Agosto de 1945 - 8h e 45 min.

A guerra já estava no fim e Hiroshima não havia sofrido nenhum dano, todos conseguiam levar sua vida normalmente, até que os japoneses ouviram o alarme de um avião B-29.
Algo foi lançado do céu, podia ser qualquer coisa, mas não era qualquer coisa. A 1a bomba caiu.

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O avião, comandado por Paul Warfield Tibbets Jr. voltando a sua base.

Instantaneamente, os prédios desapareceram junto com a vegetação, transformando Hiroshima num campo deserto. Num raio de 2 quilômetros, do hipocentro da explosão, tudo ficou destruído. Uma onda de calor intenso, emitia raios térmicos, como a radiação ultravioleta.

Pessoas pulava na água, que fervia a 300º graus celsius, para tentar escapar do insurpotavel calor de 5,5º milhões! de graus provocado pela bomba.

Os sobreviventes vagavam sem saber o que havia atingido a cidade. Quem estava a um quilômetro do hipocentro da explosão, morreu na hora. Alguns tiveram seus corpos desintegrados. O que aumentou o desespero dos que nunca vieram a confirmar a morte de seus familiares.

Quem sobreviveu, foi obrigado a conviver com males terríveis. O calor intenso levou a roupa e a pele de quase todas as vítimas.
Vários incêndios foram causados pelos intensos raios de calor emitidos pela explosão. Vidros e metais derreteram como lavas.
Muitos sobreviventes se mataram, depois de verem a condição que ficaram e de saber que nenhum de seus parentes poderiam ter sobrevivido.
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Um dia depois da explosao
Uma chuva preta, oleosa e pesada, caiu ao longo do dia. Essa chuva continha grande quantidade de poeira radioativa, contaminando áreas mais distantes do hipocentro. Peixes morreram em lagoas e rios, e pessoas que beberam da água contaminada tiveram sérios problemas durante vários meses.
Obs.: Logo após descobrirem a contaminação, os japoneses começaram a bloquear rios e queimar tudo que aparecia pela frente para tentar acabar com a radiação.

O cenário da morte era assustador. As queimaduras eram tratadas com mercúrio cromo pela falta de medicamento adequado.
Não havia comida e a água era suspeita. A desinformação era tanta que muitos japoneses saíram de suas províncias para tentar encontrar seus familiares em Hiroshima. Corriam o maior risco pós-bomba: a exposição à radiação.

Os motivos dos americanos terem escolhido Hiroshima foi porque ela se encontrava em um vale cercado de montanhas, o que ampliaria o poder da bomba atômica, e porque Hiroshima não havia sido atacada na guerra.

De concreto, sobraram os horrores de uma arma nuclear, com potência eqüivalente a 20 mil toneladas de dinamite. Ainda hoje, passados 60 anos da explosão da primeira bomba atômica, o número de vítimas continua sendo contabilizado, já ultrapassando 250 mil mortos.

Nagasaki:
3 dias após ao massacre em Hiroshima chegou a hora de Nagasaki, no dia 9 de agosto de 1945, outra bomba iria ser lançada em Nagasaki aniquilando 40 mil pessoas instantaneamente e mais de 200 mil posteriomente.
O único ponto positivo em Nagasaki, foi que a bomba foi lançada na hora do rush, isso quer dizer, a maioria da população estava no centro, que não foi atingido diretamente pela bomba, pois o centro era cercado de montanhas.
Ps.: Não achei mais sobre os efeitos em Nagasaki.

Tivemos muitos avanços cientifico graças a bomba nuclear, mas realmente nós poderíamos ter esse avanço cientifico sem esse sacrifício estúpido dos EUA.

A bomba nuclear não foi o maior crime da humanidade e sim o maior crime dos EUA.

Mais um pouco ae pra vocês:

Como funciona a Bomba Atômica:

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